Wednesday, November 26, 2008

Vida, Idade, Sofrimento, Morte, Tratamento e Etica

Esses dias atras, li uma noticia na internet que me fez repensar em muitas coisas que temos conversado no curso de enfermagem. Uma jovenzinha inglesa, de 13 anos de idade, recebeu o direito legal de recusar transplante de coracao. Clique aqui se quiser ver a noticia.

Ela disse que ja tinha passado muito tempo da vida em hospitais, e como a cirurgia tinha riscos, como qualquer transplante, ela decidiu nao faze-la, mesmo sabendo que nao teria uma longa expectativa de vida porque preferia ficar em casa ao lado de quem a ama.

Nos estavamos querendo fazer uma surpresa pro meu sogro, e traze-lo pra passar o Dia de Acao de Gracas conosco, mas agora nao sabemos se vai ser possivel porque ele nao esta se sentindo muito bem hoje. Desde que ele voltou do Baptist Hospital em Memphis, tem revezado seus dias entre o Nursing Home e o Helena Regional Hospital. Todos esses dias includem muita dor, cansaco, fraqueza, problemas intestinais, incontaveis exames, soro e depressao, e como nao ficar deprimido nessa situacao?

Por isso, esse assunto de etica e tratamento me fez repensar muito nos cuidados medicos hoje em dia. Nao desmereco de maneira nenhuma a area de saude, mesmo porque sou apaixonada por essa area, especialmente cuidados paliativos e reabilitantes. Mas ateh que ponto eh etico ou justo, ou certo ou errado ou moral, nem sei que palavra usar, prolongar a vida de pessoas em sofrimento? Qual a diferenca entre ressucitar uma pessoa de 30 anos e uma de 70? Por quanto tempo, em que situacao, para qual pessoa o uso de maquinas pra respirar eh bom? Minha mae sempre disse que nao queria viver por muitos anos. Eu, como filha, nao queria escutar isso, porque a gente nunca quer perder ninguem que ama, mas hoje em dia, acompanhando de perto o sofrimento, a falta de autonomia, as dores que meu sogro tem passado, entendo o porque ela dizia isso, e se fosse eu? Gostaria de passar por tudo isso? Ateh que ponto nossas intervencoes atrapalham ou auxiliam a pessoa a ter uma vida/morte digna e pacifica?

3 comments:

Nani said...

Fer, tb penso assim muitas vezes, mas depois eu logo penso: "mas e a esperanca?" A esperanca de melhorar mesmo que seja um pouquinho, a esperanca de poder passar mais um dia vivo na presenca da familia, a esperanca de poder ir p casa um dia... querendo ou nao ninguem quer morrer, todos tem a esperanca de melhorar, e poder viver, mesmo q nao perfeitamente, mas um pouco mais.
Mas entendo o que voce fala... no caso de uma pessoa que sofre muito, e eh quase totalemente debilitada, e nao tem mais esperancas, nao acho errado ela desejar partir. Eh um assunto complicado.

Jane said...

Eu acho que nesses casos deve-se respeitar a vontade da pessoa... Claro que com mta cautela e avaliando as condições psicológicas dela ao tomar a decisão da eutanasia...
No comentário acima a Nani fala da esperança... uma vez eu li um livro de filosofia q nao me lembro mais o nome... e falava que a esperança é o maior de todos os males. Qdo Zeus (nao tenho ctz se foi ele, mas foi algum deus grego)despejou os males sobre a humanidade, a esperança foi a última a cair da caixa.
Entendo que as vezes a esperança pode ser um grande mal mesmo, pois prolonga o sofrimento.

Nani said...

Nossa que interessanta a colocacao da Jane :)
Eu adorava mitologia grega, ainda gosto mais faz tempo q nao leio sobre o assunto. Eu nao lembraca desses males...
Eh verdade, como a Jane falou, "a esperanca pode prolongar o sofrimento".